O ensino superior teve uma significativa expansão no Brasil nos últimos anos, dobrando o número de vagas de 3,5 para 7,0 milhões. Em um dos gráficos do Censo de Educação Superior de 2012, o governo exalta que entre 2011/2012 o crescimento foi maior na rede pública. No entanto não analisa que o crescimento na rede privada foi absurdamente maior comparando com a rede pública nos últimos 10 anos. O gráfico por si só não deixa dúvidas.
O grande crescimento do setor privado só ocorreu graças aos generosos incentivos financeiros dados pelo governo aos empresários do setor. Segundo o Relatório da CPI das Universidades Privadas do Rio de Janeiro as transferências de recursos públicos para as IES privadas, através do FIES e do PROUNI, garantem a rentabilidade desse mercado educacional que já se coloca entre os dez maiores do mundo. A partir destes programas, a expectativa de inadimplência das mensalidades discentes em diversas Instituições Privadas de Ensino Superior passa a ser irrisória.
O governo financia o crescimento dessas instituições, mas não fiscaliza de maneira adequada a qualidade acadêmica e saúde financeira. No início de 2013 vimos duas das maiores instituições privadas do Rio de Janeiro fecharem suas portas devido a ineficiência de seus administradores e a falta de ação do Ministério da Educação. A tragédia já estava anunciada a mais de dois anos, mas o governo foi “empurrando o problema com a barriga”. Quando não tinha mais jeito o MEC apenas ofereceu processo de transferência assistida que gera problemas até hoje e prejudicou bastante todos os estudantes envolvidos, além de deixar centenas de professores e funcionários desempregados.
No início de março de 2014 vimos mais um capítulo da falta de fiscalização no ensino privado ganhar as páginas dos jornais, foram feitas denúncias de 70 cursos em funcionamento sem autorização do MEC. Um dos casos mais emblemáticos é da AD1, instituição que funcionava no Pará, mesmo sem autorização, através de uma estranha parceria com a Unisaber. Essa universidade tem como Diretor-Geral, Walter de Paula, presidente da Associação Brasileira das Faculdades Particulares (ABRAFaculdades). Todas essas “coincidências” só deixam claro a falta de compromisso dos tubarões do ensino com a qualidade da educação e o desenvolvimento do país, eles visam apenas como aumentar seus lucros, mesmo que para isso tenham que burlar as leis.
Os estudantes de universidades particulares devem organizar-se em cada lugar do país para dar respostas a todas as arbitrariedades cometidas. Além dos problemas cotidianos que enfrentamos, a desnacionalização e a formação de monopólios educacionais crescem descontroladamente no país. Todos esses problemas devem incentivar nossa luta pela regulamentação imediata do ensino superior privado e para que o governo realmente tenha um plano eficaz de expansão das Universidades Públicas, visando a manutenção da qualidade e diminuindo a inserção do setor privado.
Katerine Oliveira – 1ª Vice-Presidente da UNE e presidente do DCE UNISUAM